Faz parte de minhas frequentes rotas rumo a terra natal. Suas origens remontam ao início do século XVIII. O povoamento cresceu aos pés de uma pedra monolítica do tipo pão de açúcar, que é a referência geográfica mais significativa do lugar.

Pedra Grande tornou-se um dos distritos de Vigia (hoje Almenara), emancipado de Jequitinhonha em 1938. Dista 34 km da sede do município. Por lá, passaram alguns coronéis, detentores de fazendas de gado. O acervo arquitetônico dispõe de construções no estilo colonial rural mineiro, destacando-se a Igreja de Bom Jesus.

O antigo distrito fica à beira do Córrego São Francisco, afluente do Rio Jequitinhonha. Compõe um sítio urbano de notável beleza. Também de carências. Nesse sentido, Pedra Grande é uma síntese perfeita do Vale do Jequitinhonha.

Os moradores se ressentem da falta de calçamento, ausência de torre para sinal de celular, precariedade das condições de saneamento e abastecimento de água, problemas de segurança, dentre outros.Padece também da ausência de pavimentação da estrada que faz a ligação do distrito com Almenara e Pedra Azul.

A propósito, a inconclusa BR 251 – a única rodovia transversal que corta o Distrito Federal, fazendo a ligação da região centro-oeste (via Montes Claros) com o sul da Bahia (Ilhéus) – fica interrompida, justamente, em Pedra Grande.

Não bastasse isto, a BR 367, que faz a ligação da nascente (Diamantina) com a foz do Rio Jequitinhonha (Belmonte), inaugurada nos anos 50, até hoje, não recebeu asfaltamento no trecho entre Almenara e Salto da Divisa. Assim, o Vale do Jequitinhonha mantém-se isolado dos polos dinâmicos da economia brasileira.

Por oportuno, educação de qualidade e infraestrutura são requisitos essenciais para alavancar o progresso. Propiciam ambiente favorável ao surgimento de novas oportunidades de negócios, o que mantém a população em suas áreas de origem. Isto remete à necessidade destas políticas públicas serem assumidas como prioridades de Estado. É essencial a escolha de governantes com elas comprometidos para assegurar o desenvolvimento em bases sustentadas.

Este é o caminho para a solução dos problemas de Pedra Grande e do Vale do Jequitinhonha – uma região rica em cultura e belezas naturais, porém carente em termos socioeconômicos.

(*) Bacharel em Ciências Econômicas pela Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP). Pós-graduado em Didática de Ensino Superior (UNEB-DF). É Analista Financeiro do SERPRO – Serviço Federal de Processamento de Dados e ex Coordenador-Geral da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda.