Instituições vinculadas à Secretaria de Agricultura Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa) recebem recursos para o desenvolvimento de projetos voltados para capacitação, assistência técnica e pesquisas em aquacultura. Os recursos que somam aproximadamente R$ 3 milhões serão aplicados no início de 2015, atendendo mais de 600 produtores das regiões de Passos, Curvelo, Almenara, e Muriaé. Os projetos foram anunciados ontem (26), na reunião da Câmara Técnica de Aquacultura, do Conselho Estadual de Política Agrícola da Seapa.

"Os recursos vão garantir criação de novos projetos e a continuidade dos já existentes, pois são ações muito importantes voltadas para a aquacultura, que é uma atividade em franca expansão no estado, mas que ainda estava carente de politicas públicas voltadas para o setor", analisa a diretora da Aquacultura e da Pesca da Seapa, Ana Carolina Euler.
A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG) vai desenvolver ações em 27 municípios com o objetivo de atingir a meta de 3,6 mil visitas de assistência individual, além da realização de Dias de Campo, capacitações de técnicos e produtores.

O foco será apresentar temas importantes para o desenvolvimento do setor, como manejo em piscicultura, a conquista de mercados institucionais, associativismo e cooperativismo. Além disso, os escritórios locais receberão equipamentos para a atividade da aquacultura.
"O desafio agora é esperar os lagos recuperarem a vazão e quantidade de água para voltar a produzir, o que pode levar alguns anos. Enquanto isso, vamos capacitando produtores, estimulando a legalização e adquirindo equipamentos", afirma Dirceu Alves Ferreira, Coordenador Técnico Estadual de Pequenos Animais da Emater-MG.
Centro de referência.

O projeto da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) prevê a criação do Centro de Referência em Piscicultura na Fazenda Experimental de Leopoldina, na Zona da Mata.  De acordo com a pesquisadora da Epamig Elizabeth Cardoso, o objetivo é "gerar informações e conhecimento que contribuam para a melhoria do desempenho técnico, ambiental e econômico doa agronegócio da piscicultura ornamental".
O Centro será responsável pela criação de matrizes reprodutoras, melhoramento genético e do plantel de peixes para repassar aos produtores, além da criação de um museu de organismos vivos.

Na Zona da Mata, a maioria dos empreendimentos em aquacultura é de base familiar. No entanto, é responsável por 60% da produção de peixes ornamentais de todo o país, segundo dados da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg).
O produtor Jader do Nascimento, representante da Associação dos Aquicultores de Patrocínio, Muriaé e Monte Alto (Aaquipam), atua no ramo de peixes ornamentais há 11 anos, abastecendo o mercado mineiro e o Rio de Janeiro. Para o produtor de Muriaé, a capacitação é importante, mas ainda é preciso vencer os impasses legais. "Eu espero melhorias na questão ambiental que viabilizem a produção atendendo a legislação. Somos fiscalizados, mas ainda não encontramos uma saída", comenta Nascimento.

A Cooperativa dos Aquicultores do Alto Rio Paranaíba (Cooaqui) possui base em Araguari, no Triângulo Mineiro, e atende a 25 municípios, sendo 19 mineiros e seis goianos, com mais de 80 produtores cadastrados com foco na produção de tilápias.   Para o representante da Cooaqui Leonardo Procópio, a Câmara Técnica da Aquacultura vai possibilitar que todos os órgãos e o setor produtivo se unam para alinhar ações e fortalecer a atividade. "Estou há dois anos na área e pretendo participar de todas as capacitações que ocorrerem na minha região, quanto mais qualificação melhor. O saber não ocupa espaço", afirma Procópio.

No Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) as ações vão se concentrar na defesa sanitária de animais aquáticos em Minas Gerais e a manutenção de estrutura de laboratórios e análises. Os recursos para o fortalecimento das ações voltadas para a aquicultura e pesca em Minas Gerais são provenientes de convênios firmados este ano com o Ministério da Pesca e Aquicultura.