Quase 2 milhões de mineiros já são afetados pela pior estiagem registrada no Estado desde 1971.

 

Até essa segunda-feira (21), 134 municípios haviam decretado situação de emergência em função da falta de chuva, apenas 13 a menos do que o total registrado em todo o ano passado, quando 147 cidades recorreram ao poder público, federal e estadual, para amenizar os prejuízos causados pela seca prolongada.

 



A situação tende a piorar, uma vez que o período de seca vai até setembro. A reportagem tentou obter, junto à Defesa Civil, informações sobre quais medidas vêm sendo tomadas para auxiliar as cidades atingidas, mas ninguém foi localizado.

 



Os municípios afetados, localizados principalmente no Norte de Minas e nos vales do Jequitinhonha e Mucuri, abrangem uma população de 1.980.480 pessoas, considerando-se moradores das zonas rural e urbana.

 



A maioria dos prejudicados, porém, são produtores rurais, que têm, normalmente, rios, lagos e cisternas como fonte de água. Muitos estão secos.

 



É o caso de moradores da zona rural de Córrego Danta, na região Centro-Oeste. Desde 2009, a cidade não decretava situação de emergência. O prejuízo estimado por produtores rurais é de R$ 2,3 milhões, se somadas as perdas com as lavouras de café e milho, principais atividade na região.

 



“Estou aqui há 22 anos e nunca vi uma situação dessa. Quem mais sofre são os lavradores e pecuaristas, de leite e corte. Pelo menos metade das plantações já foi perdida, além de 4% do gado, que, se não morreu, vai morrer”, informa o engenheiro agrônomo Luís Cláudio Coimbra, da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) em Córrego Danta.

 



Açudes

 



Na avaliação do secretário-executivo da Associação dos Municípios da Área Mineira da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) (Amams), Luiz Lobo, faltam medidas efetivas para prevenir os estragos provocados, anualmente, aos municípios mineiros, sobretudo no Norte.

 



“Ações que poderiam ter sido executadas ao longo do ano não foram, como pequenas barragens e construção de açudes e poços. São obras estruturantes que poderiam, se não resolver, amenizar os reflexos da estiagem prolongada”, afirma.





De acordo com Lobo, uma reunião emergencial foi solicitada há cerca de 20 dias, junto à Defesa Civil Estadual, para discutir ações de urgência para as cidades afetadas pela seca. Até essa segunda, não havia nenhuma resposta.



A decretação de situação de emergência em virtude de estiagem ou seca está vinculada aos prejuízos à agricultura e pecuária, que são, geralmente, a principal fonte de renda da população.