Após desacatar policiais e negar-se a fornecer dados à autoridade policial, durante uma confusão provocada por falta de vacina contra febre amarela, em um PSF da cidade. A secretária chegou a ser algemada porque, segundo a PM, ela estava muito exaltada e se recusava a atender pedido para se dirigir a uma sala de custódia do quartel da PM. A secretária foi levada para a delegacia de Polícia Civil e após depoimento, foi liberada no final da tarde. A prefeitura não divulgou nota sobre o ocorrido.

De acordo com o registro policial, tudo começou após o prefeito do município, o médico Armando Paixão (PT), solicitar a presença da Polícia Militar em um Posto de Saúde da Família (PSF) localizado na rua Rio de Janeiro, no bairro Vila Magnólia, bairro de classe média da cidade.

Ainda segundo a ocorrência, a polícia foi requisitada porque estava acontecendo um princípio de tumulto na fila de vacinação contra a febre amarela, após populares tomarem conhecimento que não haveria vacina suficiente para todos.

“Quando os policiais chegaram ao PSF, eles procuraram se inteirar dos fatos com uma enfermeira. Ao perceber a presença da polícia, a secretária da Saúde, sem motivo aparente e de forma deselegante começou a destratar os mesmos, com a seguinte declaração: Eu sou a secretária da Saúde e aqui não precisa de polícia. Eu é quem mando, eu é que resolvo tudo aqui, e vocês estão dispensados”, informou a Polícia Militar.

Diante da dispensa da guarnição, a PM teve que registrar a ocorrência e; ao solicitar os dados pessoais da secretária, ela se negou, afirmando que se a polícia quisesse as informações, deveria levá-la para a delegacia. Após muita discussão, e princípio de confusão, a secretária recebeu voz de prisão e foi levada para o quartel da PM.

Chegando ao local, a secretária continuou desacatando os policiais. Segundo a ocorrência, ela gritava que a ação policial tinha sido uma palhaçada e que a polícia não sabia com quem estava falando. Sempre pedindo calma, os policiais encarregados da ocorrência pediram que a secretária se sentasse em um banco destinado à custódia de presos.

“Ela, mais uma vez, sempre muito exaltada voltou a desacatar os policiais, dizendo que a Polícia Militar era uma bosta e que só prendia quem era do bem. Tivemos que algemá-la porque ela se negava a obedecer nossos pedidos para se dirigir ao banco de custódia”, disse um policial que estava presente.

O Comandante da Companhia Militar de Araçuaí, Capitão Rafael Duarte Muniz, foi informado dos fatos. Após lavratura da ocorrência, a secretária foi colocada em uma viatura e conduzida para a Delegacia de Polícia Civil, onde prestou depoimento, juntamente com os policiais envolvidos na operação, o soldado Adam Cauã e Sargento João Gonçalves Afonso.

O outro lado

Ouvida pela reportagem, a secretária disse que foi chamada ao PSF após principio de tumulto no local. “Haviam cerca de 200 pessoas na fila e apenas 100 doses de vacina. Pela manhã foram distribuídas senhas e feita uma lista de quem seria vacinado. Encontrei os policiais com uma outra lista. Expliquei que seria obedecida a ordem de quem havia se inscrito pela manhã e comecei a chamar quem tinha senha. Os policiais disseram então que eu estava tumultuando e pediram meus documentos e eu neguei. Foi então que me levaram para o quartel e lá realmente eu não quis sentar no banco de custódia. Eles me algemaram e em seguida fui levada para a Depol”, disse a secretária.

“Não sou usuária do PSF. Sou secretária da Saúde e sou eu quem dita as regras e eles queriam que eu seguisse uma lista que não havia sido feita pela secretaria. Eles podem dar a versão que quiserem sobre o fato. Esta é a minha versão. Falei que eles deveriam fazer o serviço deles, de prender bandidos e deixar em paz quem trabalha.”, finalizou Zuzu Loredo.

Sobre a falta de vacinas, a secretária informou que não tem vacina para a população urbana e que a prioridade é atender a zona rural. ” Estou indo para Belo Horizonte resolver a questão”, disse ela.

Zuzu Loredo vai responder pelos crimes de desacato à autoridade e desobediência, cujas penas variam de 6 meses a 2 anos de prisão, além de multa.