Impedidos de disputar as eleições do próximo ano, políticos enquadrados na Lei da Ficha Limpa já tem um plano B: muitos deles tentarão eleger o próprio cônjuge ao cargo de prefeita para indiretamente poderem comandar os orçamentos de seus municípios.
Pelo menos 04 ex-prefeitos de cidades distintas de Minas Gerais já lançaram as respectivas esposas como candidatas e querem voltar a "ser prefeito" pela via indireta.

É o caso do ex-prefeito de Almenara, Manoel Francisco, que foi preso recentemente por desvio de recursos públicos oriundos da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e tem todos o patrimônio bloqueado pela justiça. Chiquinho, como é conhecido, já está em plena campanha para fazer da esposa Gersira Cardoso a próxima prefeita de Almenara, cidade de 25 mil habitantes, localizada no norte de Minas.
Outro que deve apostar na candidatura do cônjuge é o ex-prefeito de Santana do Paraíso, Joaquim Correia de Melo, conhecido na cidade como Kim. Ele já aprovou em convenção municipal o nome de sua esposa Luzia Teixeira (PRB) como candidata à prefeita nas eleições de 2016. Kim teve recentemente suas contas de mandato reprovadas pelo Tribunal de Contas de Minas Gerais por não aplicar corretamente os recursos destinados à educação no município. Ele é réu também em outros seis processos movidos pelo Ministério Público Estadual por crimes que vão desde improbidade administrativa, fraude em licitação e enriquecimento ilícito.
 
Região

Na região da Zona da Mata outros dois ex-prefeitos também lançaram suas respectivas esposas como candidatas a prefeita.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Faria Lemos
José Clério Alves Terra, já está em campanha para "tentar" eleger sua esposa Sueli Cunha Terra (PP) como Prefeita da Cidade de Faria Lemos.
Clerinho como é conhecido na cidade, responde por diversas ações de improbidade administrativa na Comarca de Carangola e Tribunal de Justiça de Minas Gerais, teve suas contas rejeitadas pelo TCE - Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais e Câmara Municipal de Faria Lemos, referente suas contas de 2008, onde praticou abertura de créditos suplementares, no valor de R$ 390.921,14, sem amparo legal, contrariando o disposto no art. 167, inciso V, da Constituição da República e art. 42 da Lei n.º 4.320/64, fundamentado no art. 240, III, do Regimento Interno deste Tribunal, processo n. 782144 – TCE/MG, tornando-o inelegível por 08 (oito) anos dentro outras disposições legais.
 
Clerinho também teve suas contas rejeitadas pelo TCE - Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais, referente o ano de 2010, quando foi Prefeito, sendo constatado que abriu créditos adicionais no valor de R$ 1.609.507,27, sem lei autorizativa e de R$ 1.116.308,13 sem recursos disponíveis, infringindo os artigos 42 e 43 da Lei n. 4.320/64. O resultado das contas de 2010, será encaminhado a Promotoria de Justiça competente para os fins cabíveis quando ao crime praticado.  
Ambas condutas praticadas tornaram-se conhecidas pelos brasileiros recentemente como "pedaladas fiscais", que ocasionou o afastamento da Presidente Dilma Russeff.
Clerinho, mesmo com suas contas rejeitadas e crime cometido, nas vésperas do prazo inicial para o registro de candidatura perante a Justiça Eleitoral, em 14.07.2016, entrou com uma ação na Comarca de Carangola para tentar uma liminar e tornar-se elegível.

Contudo, por decisão fundamentada, o Meritíssimo Juiz negou a liminar por entender que o perigo do dano tem natureza reversa, porquanto se busca afastar, por decisão liminar, de caráter provisório, um requisito negativo de elegibilidade, tratado na Lei de Ficha Limpa, sendo imperativo resguardar os interesses da própria Sociedade, bem como preservar a retidão das eleições. 

Assim, estando impedido de se candidatar, por decisão do TCE/MG de 16.06.2010 e do TJMG de 26.07.2016, não viu outra alternativa de tentar chegar ao poder, senão em lançar sua esposa Sueli Cunha Terra como candidata.
 
Fonte: TCE/MG e TJMG

Caparaó

No município de Caparaó, o ex-prefeito Dalmo de Souza Miranda, teve seus direitos políticos cassados em 2013 por improbidade administrativa e aposta agora todas as fichas na candidatura de sua esposa Niuza Maria Nogueira de Miranda (PPS).
Esta é uma forma que os ex-prefeitos, fichas sujas, encontraram de não se afastar do poder.