O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) divulgou na manhã desta terça-feira (9) um laudo técnico sobre a qualidade da água tratada do Rio Doce, distribuída à população de Governador Valadares (MG). De acordo com o MP, a água que chega aos valadarenses tem um nível elevado de alumínio, coliformes totais e turbidez acima do limite estabelecido pelo Ministério da Saúde. A situação pode causar doenças degenerativas, como doença de Parkinson e Alzheimer.

O laudo técnico foi solicitado pelo MP e feito no dia cinco de julho deste ano, dia em que a empresa Samarco, cujos donos são a Vale e a BHP Billiton, também fazia um laudo da água do rio, como explicou o promotor Leonardo Diniz Faria. Ele conta que em dezembro de 2015, um outro laudo do Ministério Público já havia apontado o nível elevado de alumínio na água. No novo relatório, o percentual de concentração da substância é de 0,64 ml/l, quando o permitido pelo Ministério da Saúde é de até 0,20 ml/l.

O promotor Evandro Ventura afirma que o laudo da Samarco apresenta um resultado completamente diferente da nova análise e que houve problemas na coleta da água. “O laudo da Samarco diz que o alumínio está em conformidade. A engenheira ambiental do Ministério Público também acompanhou essas coletas. Ela deixou bem claro que dois aparelhos que foram utilizados para a coleta dessa água não estavam com a calibração devida; um deles teve que ser substituído por um aparelho do Saae.

O defensor público da união, Hendrikus Simões Garcia, que participou da divulgação do documento, afirmou que, ainda nesta terça-feira, uma ação civil pública contra a Samarco seria ajuizada. “Nós não podemos permitir que a população continue consumindo essa água. O laudo aponta autos índices de alumínio em hospitais, escolas. Então hoje, a Defensoria Pública da União, junto com o Ministério Publico Federal, irá ajuizar uma ação civil pública para que a população volte a receber água mineral até que a água volte a ser própria para o consumo”.

Fora feitas coletas em 13 pontos da cidade, entre escolas públicas, condomínios residenciais e hospitais. Em 11 dos pontos de coleta, o nível de alumínio estava acima do permitido. Os promotores esclareceram que o alumínio encontrado na água não estava presente no Rio Doce, mas que passou a ser encontrado após a chegada da lama de rejeitos, vinda de Mariana (MG).

Se a ação civil pública entrar em vigor, a Samarco poderá pagar multa de R$ 10 milhões por dia, caso descumpra a decisão, podendo recorrer na Justiça. A ação será ajuizada na comarca de Governador Valadares.

Em nota, a Samarco afirma que no dia 5 de julho acompanhou a coleta de amostras de água tratada nas Estações de Tratamento de Água (ETAs) São Vitor, Santa Rita, Recanto dos Sonhos, Vila Isa e Central de Governador Valadares. Ainda segundo a Samarco, as amostras colhidas pela empresa foram analisadas em laboratórios acreditados pelo Inmetro e os resultados comprovam que não há alterações nos parâmetros de alumínio ou metais pesados, e que tais análises estão à disposição das autoridades.

A Samarco afirma que ainda não foi notificada a respeito dos resultados das amostras colhidas pelo Ministério Público e garantiu que realiza o monitoramento constante da qualidade da água em 92 pontos ao longo de todo o Rio Doce.

Também por nota, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Governador Valadares (SAAE) afirmou que monitora constantemente a água distribuída à população, com análises diárias feitas no seu próprio laboratório e por análises feitas em laboratórios credenciados pelo Inmetro. Ainda de acordo com a empresa, as amostras coletadas, segundo os registros do SAAE, registraram índice de alumínio de 0,081, dentro do parâmetro aceitável.

O SAAE destaca também que, na mesma época, foi feita análise completa da água em laboratório de fora, cujo resultado está sendo aguardado e será apresentado, assim como o resultado de outras análises em laboratórios diferentes credenciados pelo Inmetro.