Quem vive com/do rio vem percebendo mudanças na qualidade da água e o desaparecimento de espécies nativas de peixes após a construção das Barragens de Irapé e Itapebi. Recentemente alguns peixes têm apresentado feridas e infecções, o que preocupa muito toda a população do Vale do Jequitinhonha, e levanta a suspeita de que as águas do Rio também estejam contaminadas. Para debater e encaminhar propostas sobre assunto no dia 08/05/2015 Sociedade Civil e Poder Público do Baixo Jequitinhonha se reuniram em Almenara.

Na reunião discutiu-se o laudo do Laboratório de Doenças de Animais Aquáticos da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais –UFMG que analisou dois peixes adultos capturados no lago de Irapé no município de Grão Mongol. Os peixes foram submetidos à necropsia sistemática, exame bacteriológico e exame virológico.

Os resultados dos exames laboratoriais indicaram a infecção dos animais avaliados pelas bactérias Edwardsiella tarda (peixe 1) e Aeromonas hydrophila (peixe 1 e 2). Esses microrganismos são patógenos clássicos de peixes, mas também frequentemente encontrados no trato gastrointestinal de animais sadios e na água.

Além destas bactérias, há também a presença de minerais pesados, decorrentes da exploração de diamantes. Estes são muito perigosos, visto que atingem também a espécie humana. O acúmulo destes minerais no organismo pode provocar o surgimento de vários tipos de câncer. Outro fator que os torna perigosos é o fato de continuarem na água, mesmo após ela ter sido tratada.

Segundo Aline Ruas do Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), desde o início dos trabalhos do Movimento na região do Médio Jequitinhonha há 3 anos foram relatados problemas de má qualidade da água, pessoas com doenças de pele, abandono das comunidades por falta de água potável, peixes contaminados dentre outros problemas. A partir deste ano começaram a trabalhar com os/as pescadores/as do Baixo e viram que os problemas são os mesmos. Para o MAB outro ponto importante é a realização de um laudo dos impactos de Irapé em toda a Bacia Hidrográfica do Rio Jequitinhonha, não só a contaminação da água, como também questões produtivas que forçam o êxodo para as grandes cidades.

Segundo participantes da reunião a Cemig nega que seja a barragem a causadora da contaminação dos peixes. Para Ariosvaldo Teixeira, presidente da Colônia de Pescadores Z13, é do rio que os pescadores tiram o sustento, se não tiver peixe com qualidade não há condições de sobreviver, alguns já estão passando necessidade, quando pega o peixe não querem comprar.

Na reunião os representantes das Organizações da Sociedade Civil e Poder Público de nove municípios do Baixo Jequitinhonha encaminharam a realização de Audiências Públicas Locais convocadas pelas Câmaras dos Vereadores para conscientização nos municípios; realização de Audiência Pública Regional convocada pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais; e ação conjunta no Ministério Público pedindo investigação do caso. As datas ainda não foram informadas.