À propósito das discussões acerca da construção de outra repartição pública no  entorno da Escola Estadual Tancredo Neves, que  também abrigou  os 2 primeiros estabelecimentos de ensino de nível médio almenarenses, cumpre assinalar que suas origens remontam à segunda metade dos anos 50.   

 Naquela época (1956-61), Juscelino Kubitschek assumiu a Presidência da República, nomeando Dr. Clóvis Salgado para o  Ministério da Educação e Cultura (MEC), instituindo-se o programa Educação para o Desenvolvimento, que contemplava a criação das escolas normais rurais no interior do País.  

No plano municipal, as articulações empreendidas  por Agenor Nascimento foram decisivas para  a implantação da Escola Normal Oficial de Almenara, assim como a participação de Olindo de Miranda, que assumiu a construção de seus primeiros blocos, cuja fundação deu-se no dia 02 de junho de 1959.  

Num breve retrospecto, o Ginásio Dr. Fernando Magalhães (fundado  por Olindo de Miranda, Benício Almeida e Antônio Fernandes, em 1947), de início,  funcionou num casarão, localizado na praça do castelo, por mais de uma década. Uma vez implantada a Escola Normal,  o antigo ginásio passou a funcionar junto com ela, no mesmo edifício, na esplanada ao largo da Rua Lívio Fróis Otoni.

No início dos anos 60, Olindo de Miranda  doou o terreno, tendo iniciado a construção da sede própria do ginásio, localizado na Rua Fulgêncio Nogueira. Porém, o mesmo tendo falecido em 1964, a obra acabou sendo concluída  somente mais tarde, o que se deu na gestão do Prefeito Fernando Amaral (1970 a 1973). Até hoje, o Colégio Dr. Fernando Magalhães encontra-se em pleno funcionamento,  operando numa parceria o Pitágoras. 

A Escola Normal, por sua vez, promoveu a formação de normalistas de diversas cidades do baixo Jequitinhonha mineiro.  Destaque-se a ação da Profª. Joelita Mares Bessa (ou Morena), que assumiu  a direção da escola,  em 1969, permanecendo à frente da mesma por longo período de tempo.  O TANCREDÃO passou a funcionar no histórico prédio  no final  de 1985.

A ideia de ocupação dos espaços públicos “ditos vazios” com outras edificações é um equívoco, haja vista a concepção dos prédios ladeados por amplas áreas existentes em Brasília - uma cidade que simboliza o que há de moderno em termos de concepção arquitetônica e urbanística.

É oportuno mencionar que, fora da área central de Almenara, há terrenos que poderiam abrigar novos prédios públicos, o que é compatível com movimentos  requeridos de descentralização e, simultaneamente, de ocupação de novas áreas urbanas da cidade. Isto por si só justifica não descaracterizar um espaço público que uma de nossas referências culturais.

Ademais, a estratégia de expansão urbana de Almenara, adotada  no passado, revelou-se um sucesso,  haja vista os seguintes polos de irradiação:  Hospital Deraldo Guimarães e Matadouro Municipal (década de 40), Aeroporto Cyrillo Queiroz (1950), Mercado Municipal (1956) e a própria Escola Normal (1959).

A pergunta é por que fazer diferente agora? Assim, o entorno do TANCREDÃO é um espaço público que deve ser preservado em sua integridade.  Aponto o bem estar da comunidade educacional e da população como argumento em favor da utilização do entorno desta escola  somente para atividades a ela pertinentes. Soma-se a isto a preservação da memória histórica de Almenara, já bastante comprometida.

O prédio do TANCREDÃO, além de referência cultural, é o símbolo de uma época, assinalada pelas 2 primeiras grandes aberturas de Almenara, que foram implementadas  em direção  à saída para Pedra Azul, na década de 40, e  rumo  ao Aeroporto Cyrilo Queiroz nos anos 50,  assinalando o período áureo de expansão urbana de nossa cidade.