Indignação e revolta. Estes são os sentimentos dos moradores do Bairro São Jorge,  em Araçuai,  no Vale do Jequitinhonha (MG).

 Eles denunciam o descaso e abandono por parte da prefeitura municipal que, segundo eles, não ouve os clamores dos  que reivindicam melhorias para o lugar.

 Há muitas ruas sem calçamento, iluminação precária, lixo e entulho por todos os lados.

 Os problemas se arrastam  há anos sem que haja uma solução. “ Aqui, os políticos só aparecem em épocas de eleições”,  diz revoltada, a dona de casa, Marly Gonçalves dos Santos, de 60 anos, moradora da rua Gentil Soares.

 Ela conta que a prefeitura não faz coleta de lixo na rua.  Há de tudo um pouco: carcaça de animais mortos,  plásticos, e muito entulho.”Para resolver a situação, os moradores são obrigados a pagar pelo serviço de limpeza, porque senão, a dengue vai se alastrar por aqui”, revela Marly.

  Há poucos metros das casas fica o matadouro municipal e a fedentina é insuportável. “ Tem dia que não podemos sequer almoçar devido ao mau cheiro e às moscas”. O problema aqui , além de ser de saúde pública, é também de polícia”, denuncia  a moradora.

 Promessas não cumpridas

 A rua Gentil Soares  espera há décadas por um calçamento que nunca sai.  O esgoto já passou por lá,  mas os moradores sofrem com a falta de infraestrutura.

As últimas chuvas abriram crateras por toda a  sua extensão, o que torna impossível o tráfego de veículos.  “ Aqui, os supermercados não entregam compras , porque os carros não passam por causa da buraqueira”, lamenta o sindicalista e funcionário público aposentado, José Maria dos Santos, de 74 anos. “ Não podemos contar com nenhuma ajuda da prefeitura. Tudo aqui tem de ser resolvido por nós”, afirma José Maria.  “ No início da atual administração, o prefeito e o secretário de Obras, estiveram aqui, mas não apresentaram nenhum projeto de melhorias”, lembra o sindicalista.

 “ Se alguma pessoa adoece,  ela tem de sair carregada nos braços, porque a ambulância não entra e  carros não passam”, denuncia o lavrador Wilson Alves dos Santos, de 60 anos, sendo 40 deles como morador da rua Gentil Soares.

 Ele mora em uma casa que dá fundos para o matadouro municipal.  Além de sofrer com o mau cheiro, o barranco com mais de 10 metros de altura,  está desabando no quintal dele. “ Não tomaram nenhuma providência para construir um muro de arrimo. Já nem sei mais que providência tomar”, lamenta o lavrador.

 Os moradores querem que a rua seja pelo menos patrolada. “ Aqui todo mundo paga impostos, mas não recebemos nenhum benefício”, diz o aposentado José Maria dos Santos

 Cratera em lugar de praça

 A rua Gentil Soares, dá acesso à praça dos Inconfidentes. No início da rua, o que deveria ser uma praça, se transformou em um enorme matagal e ao lado, uma imensa cratera.

  Para chegar à praça, os moradores  utilizam  um pequeno caminho, onde é impossível passar veículos. 

 O lixo, entulho e  esgoto à céu aberto revelam o descaso e abandono do lugar por parte das autoridades. “ Estamos isolados e abandonados. Ninguém resolve nada, nem prefeito, nem secretário, nem vereador. Ligamos para a prefeitura para reclamar, mas não somos atendidos. É um verdadeiro jogo de empurra - empurra. O povo coloca os políticos no poder mas também tira”, lembra Luiza Alves dos Santos, também moradora da rua Gentil Soares.

 Ela denuncia que existem idosos e crianças doentes no lugar. " Há muitos focos de dengue  aqui no bairro. Somos cidadãos, somos humanos. Será que seremos lembrados somente nas eleições?”, indaga Luiza.

 Nada a declarar

 Nenhuma autoridade municipal quis se pronunciar sobre o assunto.

 A assessoria de Comunicação da prefeitura nem o gabinete do prefeito, responderam aos pedidos de informações da reportagem,  feitos por e-mail,  sobre as medidas que a administração pretende tomar com relação à rua Gentil Soares e demais ruas do bairro São Jorge..

 Sérgio Vasconcelos

Repórter