Vingança teria sido a motivação da morte bárbara de José Roberto dos Santos, 35, e de um adolescente de 13 anos nesta quinta-feira (19) em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte.Santos é acusado de molestar e abusar sexualmente de uma menina de 10 anos.

Os dois foram encontrados mortos em uma casa na zona rural com tiros na cabeça, no pescoço e no tórax. A motivação principal do crime, segundo familiares e a própria Polícia Militar, seria o desejo de vingança. 

De acordo com a Polícia Militar, uma intimação para depor sobre a acusação de estupro foi encontrada no bolso de Santos após a morte dele.

A denúncia de abuso teria vindo a tona no dia 26 de setembro deste ano. Um boletim de ocorrência registrado na época relata que a professora da criança teria observado a menina tocando as partes íntimas de um colega de classe e teria chamado a mãe dela até a escola.

Em conversa com o conselho tutelar, a criança teria relatado que Santos - que apontou como sendo namorado da mãe - constantemente estaria tocando as suas partes íntimas. Ela também contou que outros três homens, entre eles o adolescente encontrado morto, iriam a sua casa com frequência para “cheirar um pó branco com a mãe”.

A menina disse que os amigos da família também costumavam tocar em suas partes íntimas, com exceção do adolescente morto.

Adolescente saiu para jogar bola e não voltou mais 

A mãe do adolescente, a jardineira Juliana da Costa Rodrigues, 33, contou à reportagem que o filho tinha saído para jogar bola e não voltou mais.

“Ele falou que ia jogar bola e eu falei para ele não demorar porque eu estava indo fazer janta. Ele não tinha costume de ficar na rua, aí eu estranhei. Procurei ele na delegacia, no bairro. E na hora que eu ia no hospital, eles falaram que tinham achado o outro moço morto e disseram que tinha mais um”, contou.

Segundo Juliana, o adolescente era trabalhador e tinha o sonho de ser padeiro. Para ela, filho é inocente. “Ele falou ‘ô, mãe, eu vou estudar ano que vem à noite para eu trabalhar de dia e comprar meu maquinário para abrir a minha padaria’.

Ele aprendeu a profissão e queria ser padeiro. Eu sei que meu filho morreu inocente. Ele não tinha inimizade. Trabalhador. A minha dor é eu não ter ele mais. O meu amigo, meu companheiro, a minha vida. Treze anos da minha vida foram tirados”, afirmou emocionada.

Familiares de Santos, que pediram para não ser identificados, contaram que o homem estava envolvido com drogas e que tinha um relacionamento conturbado com a família. Todos eles afirmaram desconhecer possíveis denúncias de abuso sobre ele.

A Polícia Militar afirmou que populares apontaram como sendo o principal suspeito do duplo homicídio ocorrido em Betim nesta quinta-feira o chefe do tráfico na região, Leonardo da Cruz, o “Leozinho”, que seria atuante nos bairros Cachoeira e Santa Inês. Ele teria agido com outros três comparsas que ainda não foram identificados.

De acordo com o Conselho Tutelar de Betim, a criança de 10 anos que teria sido molestada foi retirada, em setembro, dos cuidados da mãe e levada para a casa da tia. O adolescente de 13 anos encontrado morto também recebia monitoramento do conselho por negligência da mãe e exploração de trabalho infantil.

A reportagem solicitou ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) um levantamento de possíveis intimações no nome de José Roberto dos Santos mas, até o encerramento desta reportagem, não foi respondida. Informações também foram solicitadas à Polícia Civil, que ainda não retornou aos questionamentos.