A convite do deputado estadual Dr. Jean Freire, a equipe da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semad), esteve nos municípios de Ponto dos Volantes e Itaobim na última sexta-feira, 5 de janeiro de 2018, para averiguar os impactos ambientais causados por um acidente ocorrido na quarta-feira, 3. Segundo relatório realizado pela Semad e o boletim de ocorrência da Polícia Militar de Meio Ambiente, o motorista de um caminhão que transportava uma série de produtos químicos, perdeu o controle do veículo e tombou na altura do quilômetro 165 da BR 116, zona rural de Ponto dos Volantes. Com o impacto, as embalagens racharam e os produtos escorreram pela canaleta até atingir o Córrego São João Grande, afluente do rio Jequitinhonha, formando uma camada gigantesca de espuma sobre as águas e assustando os moradores do município, principalmente das comunidades ribeirinhas. A vistoria foi feita em conjunto com a Policia Militar de Meio Ambiente de Itaobim e pelos assessores do nosso mandato, Diego Tanan e Graziele Silva.

Segundo o técnico do Núcleo de Emergência Ambiental da Semad, Ronildo Valente, que foi contatado por Dr. Jean e visitou o local onde ocorreu e outros que foram atingidos pelo acidente, os produtos químicos são danosos para organismos micro aquáticos. Além disso, o Lutensol, produto que mais atingiu o curso d’água, pode causar ainda lesões oculares graves. A WGRA - Gerenciamento de Riscos Ambientais, contratada pela transportadora para acompanhar o caso, realizará uma série de análises da água e do solo no local afetado. “Tudo o que estiver contaminado no solo será arrancado e enviado para análise. Depois terá que ser feita a recomposição desse solo e o reflorestamento. A água também deverá passar por análise e nós precisamos verificar também se existe alguma notificação de mal estar nas populações ribeirinhas”, disse Ronildo. Ele ainda informou que será feito o jateamento da pista para evitar que restos do material sejam levados pela água da chuva e causem maiores danos.

Pouco antes da chegada da equipe da Semad, o deputado estadual Dr. Jean Freire também esteve no local, acompanhado pelo Chefe da Defesa Civil, José Versiani Gusmão, e pelo Secretário de Meio Ambiente de Ponto dos Volantes, Moisés Rodrigues de Lima. “Foi um acidente que se desencadeou em um crime ambiental. A empresa que realizava o transporte não atendia a uma série de exigências e deverá ser punida por isso e pelos danos causados. Agora é hora de cuidarmos da população de Ponto dos Volantes e das demais comunidades atingidas”, disse. Dentre as incorreções apontadas pela Semad estão a falta de sinalização do veículo para transporte de produto perigoso e falta de informação do curso de Movimentação Operacional de Produtos Perigosos (MOPP) do condutor do veículo. Além disso, a empresa deverá responder ainda por dano à vegetação e ao curso d’água; dano ou perigo de dano à saúde da população ribeirinha e interrupção do fornecimento de água para a população residente.

Falta de água

Devido ao acidente, a Copasa Serviços de Saneamento Integrado do Norte e Nordeste de Minas Gerais S/A (Copanor) suspendeu a captação e distribuição de água no município. Segundo Wilton Marques Pereira, Supervisor Técnico da Copanor, na sexta-feira, 80% da população estava sem abastecimento. “Nós interrompemos a captação preventivamente para evitar qualquer tipo de contaminação nas pessoas. Infelizmente, o  poço artesiano que temos aqui não dá conta de abastecer nem metade da população”, explicou. Uma das principais preocupações, segundo Wilton, é com as comunidades ribeirinhas, que não são abastecidas pela Copasa. “Nessas comunidades que não têm ligação com a Copasa, a situação é muito pior, pois elas captam água direto do ribeirão”, afirmou.

Vários caminhões pipas foram solicitados à Copasa, em Itaobim, para auxiliar no atendimento. Além de Ponto dos Volantes, diversas comunidades rurais de Itaobim também ficaram sem água, como São João, São José, Flor de Minas, Fogueteiro e Fonte Nova. Um caminhão-pipa da cidade de Almenara foi enviado para o município para tentar sanar a situação. Segundo Wilton, foram realizadas análises da água em 4 pontos distintos do ribeirão. “As análises de parâmetros normais, como turbidez e pH, estão regulares. Apesar disso, ainda precisamos realizar outras análises mais detalhadas para termos certeza da qualidade da água antes de retomarmos a captação e o abastecimento”, explicou.