O exame da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne nações desenvolvidas e países parceiros, é aplicado a cada três anos e avalia a compreensão de estudantes de 15 anos nas áreas de matemática, leitura e ciências. O resultado da edição de 2015, divulgado ontem, mostra que o Brasil apresenta resultados ruins. Entre os 70 países avaliados, ele ficou na 65ª posição, na frente apenas da República Dominicana, Argélia, Tunísia, Kosovo e a região da Macedônia. 

A fraca performance do país se reflete em Minas, onde 1.101 alunos fizeram a prova. Todas as notas do Estado eram maiores há duas edições do Pisa. A pontuação é dividida em sete níveis de conhecimento. A média mineira em matemática está dentro do patamar 1b, considerada insuficiente para exercer a cidadania. Em leitura e ciências, ficou no nível 2, também de compreensão de conceitos básicos. 77% dos estudantes do país que participaram do exame eram do ensino médio na rede estadual

O desempenho mineiro ainda é muito baixo se comparado ao dos países membros da OCDE, que tiveram média no nível 3, ou seja, entendimento moderado de processos complexos em todas as áreas. O Brasil também está abaixo das notas alcançadas por países desenvolvidos.

Desigualdades

Coordenador do projeto “Pensar a Educação, Pensar o Brasil”, Luciano Mendes, professor da Faculdade de Educação da UFMG, acredita que a fraca performance brasileira seja um retrato das desigualdades sociais e da desvalorização dos docentes da educação básica. “Os países com bom desempenho têm boa distribuição de renda, mas no Brasil ainda engatinhamos nessas questões estruturais”. 

Em nota, a Secretaria de Estado de Educação disse ter um sistema próprio para avaliar a aprendizagem dos alunos da rede. A pasta listou uma série de ações para melhorar a qualidade da escola, dentre elas a ampliação do ensino noturno e a formação de rodas de conversa com os estudantes para discutir um novo desenho do ensino médio. 

Luciano Mendes lembra que mesmo que mais jovens estejam frequentando as aulas, as condições de atendimento ainda são precárias. “As condições de carreira e de trabalho dos professores não avançaram, por isso a comparação do Brasil com o resto do mundo é vexatória. Ou resolvemos esse problema ou continuaremos amargando posições vergonhosas”.