A escassez de recursos financeiros das prefeituras mineiras promete transformar o cenário do Carnaval no Estado em 2016. Se em alguns municípios a festa foi cancelada, em outros ela até irá acontecer, mas de forma mais modesta, com as administrações municipais fazendo um investimento menor ou entregando à iniciativa privada a responsabilidade de organizar o evento. É o caso de Ouro Preto, na região Central, e Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, cidades que historicamente têm tradição carnavalesca.

Famosa pelas festas em suas ladeiras e nas repúblicas de estudantes, Ouro Preto terá um modelo diferente de financiamento neste ano. Sem recursos para realizar o Carnaval, a prefeitura abriu o Credenciamento nº. 001/2016 para escolher uma empresa que vai explorar a festa na cidade. Desta forma, o Executivo municipal não destinará nenhum valor à realização da folia, e a empresa vencedora do processo receberá o montante que captar com patrocinadores. O investimento mínimo deve ser de R$ 700 mil. Apesar disso, o secretário de Turismo, Indústria e Comércio, Gilson Fernandes, espera receber os mesmos 40 mil foliões do ano passado, atraídos, segundo ele, pelos eventos particulares. No Espaço Folia, quatro blocos da cidade (Caixão, Cabroró, Praia e Chapados) farão a festa. “Este ano está sendo o melhor para as repúblicas. Não tivemos impedimento financeiro ou estrutural”, diz um dos organizadores do bloco do Caixão, Jefferson Silva Gouveia, que faz a festa no sábado de Carnaval.

Em Diamantina, o corte de custos vai ser drástico: serão 50% menos recursos empregados na folia. Segundo o secretário municipal de Cultura, Turismo e Patrimônio, Walter Cardoso França Júnior, serão R$500 mil investidos neste ano – contra R$ 1 milhão em 2015 – destinados à infraestrutura para a festa. A administração não terá custos com a contratação de shows, que ficarão a cargo da iniciativa privada. Na praça do Mercado Velho, por exemplo, apesar de estar prevista a instalação de um camarote, o público em geral poderá curtir a festa gratuitamente.