Após percorrer 240 km pela BR 367, procedente de Almenara (MG) - que está a cerca de 200 metros de altitude, no Médio-Baixo Jequitinhonha -, até alcançar o chapadão da Mata da Acauã, já, acima de 800 metros, avista-se o Lago de Irapé. 

Resultado da construção da barragem e da usina hidroelétrica, inaugurada em 2006, o lago foi formado pelo represamento do "canyon" do Rio Jequitinhonha. Abrange os seguintes municípios: Chapada do Norte, Berilo, Botumirim, Cristália e Grão Mogol. 

As fotos foram feitas em 05 de novembro de 2014, logo após ter percorrido 42 km de estrada de chão, que passa ao largo desta barragem - a mais alta do País, com 206 metros de altitude, situada entre Virgem da Lapa, no Médio Jequitinhonha, e a Mata da Acauã. 

Além de lembrar o ator global, Acauã é também o nome de uma uma ave de rapina, que habita as capoeiras e matas de galerias. A referida mata compõe os cerrados do Jequitinhonha.

A partir de meados dos anos cinquenta, lá, era o caminho obrigatório dos viajantes do Médio-Baixo Jequitinhonha para alcançar a capital de Minas. Naquela ocasião, a mencionada estrada, que faz a ligação entre a nascente e foz do Rio Jequitinhonha, havia sido aberta por JK, o presidente bossa nova, que é natural de Diamantina. 

Lamentavelmente,  a rodovia de integração regional, até hoje, ainda, não foi asfaltada inteiramente. Essencial para melhorar as condições de acesso e assegurar o progresso para essa sofrida região.

No passado, a Mata da Acauã era coberta por uma vegetação arbustiva, típica de cerrado. Hoje, está sendo substituída por plantações de eucalipto, que vem tornando-se a principal atividade econômica do Alto Jequitinhonha.

Não obstante as controvérsias ambientais em torno da construção de barragens, a obra realçou a beleza do local. Com efeito, o represamento do rio possibilitou o afloramento de suas águas, possibilitando que fossem avistadas naquele trecho da BR 367.

Impossível, antes disto, uma vez que corriam no leito profundo do Rio Jequitinhonha, até hoje, de difícil acesso. Ao referir-se ao lendário rio, não posso deixar de mencionar o longo e diversificado curso, assinalado por distintas paisagens naturais e culturais.

A extensão dele alcança 1.090 km, desde a nascente, no Maciço do Espinhaço, junto a Serra da Pedra Redonda, no Serro (MG), até a foz déltica, em Belmonte, no Sul da Bahia, onde lança suas águas barrentas no chamado Mar Moreno, turvando o Oceano Atlântico.

O cenário de Irapé é mesmo impactante. Vale conferir a contudente intervenção do homem na natureza, que fica a meio caminho entre a nascente e foz do Rio Jequitinhonha.

(*) Bacharel em Ciências Econômicas pela Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo e Pós-Graduado em Didática de Ensino Superior (UNEB-DF). É Analista Financeiro do SERPRO – Serviço Federal de Processamento de Dados e ex Coordenador-Geral da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda.