Balanço da Segurança Pública aponta que, em 2021, o Centro de Distribuição de Materiais (CDM) direcionou total de 8,5 milhões de itens para as unidades prisionais do Departamento Penitenciário de Minas (Depen-MG). O resultado representa 97,82% de todas as entregas do setor, que faz chegar, na ponta, diferentes tipos de materiais, imprescindíveis para o bom funcionamento, principalmente de presídios, penitenciárias e unidades socioeducativas.

Localizado em Vespasiano, o CDM é muito mais que um almoxarifado, como é popularmente conhecido. Ele é responsável por fazer funcionar a logística reversa nas 19 rotas que cortam todo o estado para garantir as entregas.

De lá - um galpão industrial de sete mil metros quadrados de área de armazenagem e dois mil metros quadrados de área de pátio de movimentação -, saem caminhões completamente abastecidos de materiais de consumo de escritório, limpeza e higiene, e material permanente, como móveis, máquinas e ferramentas. Grandes operações logísticas focadas em gestão eficiente do recurso público são realizadas por meio do desenho de rotas mensais, trimestrais e semestrais. Quatorze docas de abastecimento fazem parte do complexo. 

A unidade é administrativa pela Subsecretaria de Gestão Administrativa, Logística e Tecnologia (Sulot), da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp).

Economia  

O superintendente de Infraestrutura e Logística da Sejusp, Tiago Maduro de Azevedo, enumera algumas vantagens em reunir as compras em um único setor, ao invés de deixar sob a responsabilidade de cada unidade, mesmo precisando percorrer grandes distâncias e cuidar da manutenção dos caminhões da frota.

“Conseguimos melhores preços, pois as compras são feitas em larga escala; temos condições de prevenir problemas de abastecimento e distribuição e, principalmente, evitamos algo que poderia custar muito caro ao Estado: a falta de material para manter funcionando todas as unidades da Sejusp e deixar de prestar a assistência aos presos”, detalha o superintendente.  
 
Os caminhões que saem abastecidos, retornam para a base igualmente cheios. Este é o preceito da logística reversa. A volta vem repleta de produtos fabricados por presos, como uniformes, que saem das unidades prisionais de Uberlândia, Governador Valadares, Teófilo Otoni, Ipaba, Formiga e Itajubá e precisam ser distribuídos para outras unidades. Em Divinópolis, eles produzem lençóis, e em Muriaé vassouras e chinelos.  
 
Extintores de incêndio, que precisam ser reabastecidos e sucatas para serem baixadas no sistema de patrimônio também voltam para o CDM. Os paletes de madeira — utilizados para movimentar e armazenar cargas — quando considerados inadequados são levados para marcenarias das unidades e transformados em brinquedos e pequenos móveis, que são doados para instituições assistenciais.  
  
Estrada  
  
A Rota 16 — Uberlândia — marca a vida profissional do motorista Dirceu Oliveira, 48 anos, que há 16 conduz, com total segurança, sem nenhum registro de acidente, os caminhões de distribuição. Ele calcula ter feito o trajeto de Belo Horizonte para o Triângulo Mineiro no mínimo 50 vezes.  
 
Na primeira quinzena deste mês, Dirceu levou mais uma carga para o Presídio de Uberlândia I (Professor Jacy de Assis). Eram 2,5 toneladas de material de escritório, produtos de limpeza, ração para os cães do canil, canecas, colheres, papel higiênico, dentre outros. Após ser descarregado por custodiados, o caminhão foi novamente abastecido. Desta vez o baú da carroceria voltou com 800 calças e mil bermudas, produzidas por presos. Estas peças representam 20% da produção de um trimestre; 80% ficam na unidade prisional para serem distribuídas na 9ª Região Integrada de Segurança Pública (Risp).  
  
A ausência de acidentes e assaltos é explicada, também, pela fé e devoção em Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Na mochila de viagem estão presas fitas vermelhas do santuário nacional e uma imagem da padroeira do Brasil; na carteira, uma oração da santa. O homem de fé gosta da tecnologia dos veículos modernos e dos sistemas de informática, que garantem os controles eficientes da logística reversa. “É bom ver a ciência a favor do perfeito funcionamento do nosso serviço. Tenho uma enorme satisfação em voltar para casa com mais uma missão cumprida”, revela Dirceu, sem tirar os olhos da estrada e do painel do caminhão.  
  
Reconhecimento  
  
Para o coordenador-geral do Centro de Distribuição de Material, Vitor Carlos da Silva, há dois anos no cargo, a equipe de motoristas é muito integrada em todos os processos do setor. “Eles fazem muito mais do que dirigir os veículos; cuidam da manutenção, estão atentos a tudo, e acompanham o carregamento e descarregamento”, destaca o coordenador-geral.  

A comunicação eficiente é o maior desafio para o CDM. Estar informado dos problemas e necessidades das unidades distribuídas pelo estado requer ajuda de toda a equipe. Para isso, ele conta com o apoio de quem transita e conversa com servidores dos quase 853 municípios de Minas Gerais. “Eles sabem detectar as necessidades e problemas de distribuição e abastecimento, mas são capazes de muito mais, ou seja, apresentam propostas de solução”.