Após o fim do pagamento do auxílio emergencial, cerca de 2,8 milhões de famílias mineiras deixaram de receber ajuda do governo federal em meio à pandemia.

O Auxílio Brasil, que entrou em vigor neste mês, não resolve o problema: em novembro, apenas beneficiários do antigo Bolsa Família, extinto pelo governo federal, serão contemplados.

Em Minas Gerais, 3.570.339 pessoas eram elegíveis para receber o auxílio emergencial, restrito a um membro por família, incluindo 744.857 usuários do Bolsa Família. Outras 390.427 continuaram recebendo o Bolsa Família, porque o valor do benefício era superior ao do auxílio emergencial.

O estado tinha, portanto, 3.960.766 pessoas ou famílias em algum programa de transferência de renda, segundo dados do governo federal atualizados até outubro e consultados pela reportagem nesta quinta-feira (18).

Com o fim do auxílio emergencial, apenas as 1.135.284 famílias beneficiárias do Bolsa Família devem ser contempladas pelo Auxílio Brasil neste mês. Isto significa que 2.825.482 serão excluídas.

Somente em Belo Horizonte, 349.583 famílias ficarão sem ajuda da esfera federal. Na capital, 424.130 pessoas ou famílias estavam em algum programa de transferência de renda, enquanto 74.547 serão beneficiadas pelo Auxílio Brasil neste mês.

"A retirada de milhões de pessoas de um programa de renda vai significar um choque de aumento de pobreza e redução da atividade econômica. Muitos comércios sentiram o efeito do auxílio, e agora isso vai ser retirado. Não só quem recebia e usava recursos para comprar alimentos vai sentir, mas toda a sociedade", diz o presidente da Rede Brasileira de Renda Básica (RBRB), Leandro Ferreira.
Em todo o país, quase 44 milhões de pessoas estavam em algum programa de transferência de renda, enquanto o Auxílio Brasil vai abranger 14,6 milhões. Isso significa a exclusão de mais de 29 milhões de famílias, segundo levantamento da RBRB.

Para as famílias que eram beneficiárias do Bolsa Família, o Auxílio Brasil será pago automaticamente neste mês.

Até dezembro, o governo promete incluir mais 2,4 milhões de beneficiários à lista – pessoas já cadastradas no Cadastro Único e que estavam na fila de espera do Bolsa Família.

Para quem ainda não está no Cadastro Único, o caminho para receber o benefício é procurar o Cras da própria cidade e fazer o cadastramento. O governo deve selecionar novos beneficiários todos os meses. É importante lembrar, no entanto, que não há prazo para que o benefício seja concedido, nem garantia de que isso aconteça. Veja como se inscrever.

"Cabe informar que é compromisso desta gestão ampliar de forma contínua o alcance das políticas socioassistenciais e atingir, com maior eficácia, a missão de superar a pobreza e minimizar os efeitos da desigualdade socioeconômica. Para tanto, o Cadastro Único está sendo modernizado para fortalecer a relação com o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e, com isso, aprimorar a porta de acesso dos cidadãos aos programas sociais do Governo Federal, entre eles o Auxílio Brasil", disse a pasta, em nota.

Sobre Auxílio Emergencial, o Ministério de Cidadania afirmou que 34,4 milhões de pessoas atenderam aos critérios de elegibilidade até o fim da vigência do programa.

Auxílios locais
Em Minas Gerais, o governo do estado pagou, em outubro, o Auxílio Emergencial Mineiro, benefício de R$ 600 destinado a mineiros com renda per capita de até R$ 89, segundo o Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico). O dinheiro foi repassado em parcela única para cerca de 1 milhão de famílias, segundo o governo estadual.

Já a prefeitura da capital vai começar a pagar, em dezembro, o Auxílio Belo Horizonte, destinado a famílias em situação de pobreza, extrema pobreza e insegurança social. A solicitação ao benefício deve ser feita pela internet.