Você gira a chave, o motor de arranque cria a faísca que dá a partida, movendo o virabrequim e iniciando o movimento de pistões e bielas para realizar o ciclo de queima do combustível. Até aqui nenhuma novidade, certo?

Em máquinas agrícolas, contudo, muita coisa muda, dentro e fora do bloco do motor. A curva de calibração, por exemplo, é diferente para priorizar potência – é o caso de colheitadeiras de grãos, colhedoras de cana e pulverizadores ­– ou torque – o que acontece em tratores. Até o curso dos pistões e o virabrequim podem ser maiores. E não é só isso.

Em geral, máquinas desse tipo trabalham por longos períodos em rotação constante – e baixa –, o que exige mudanças também no turbocompressor. “Em equipamentos agrícolas há uma seleção de materiais que priorizam resistência à temperatura e maior troca de calor”, explica Daniel Zacher, engenheiro da SAE Brasil. Outras alterações em relação aos veículos de rua estão presentes no sistema de arrefecimento (em baixa velocidade, há menor deslocamento de ar) e no sistema de filtragem do ar da admissão (ocorre maior concentração de poeira e detritos nesse ambiente).

Além disso, o motor, que é parte estrutural em diversos modelos de tratores, precisa ser robusto para aguentar as condições extremas. “Tradicionalmente, a forma construtiva do trator agrícola é do tipo chassi monobloco, unindo o motor às carcaças dos demais sistemas da máquina, como embreagem, caixa de câmbio, transmissão final e eixo diferencial, formando uma única estrutura”, afirma Zacher. Mas existem também construções com chassi convencional, com longarinas, mais comuns em tratores de maior potência ou colheitadeiras e pulverizadores.

Embora existam tantas diferenças, outros aspectos da manutenção de equipamentos agrícolas são iguais aos de uma caminhonete, por exemplo. As máquinas exigem lubrificantes específicos para cada área. Nos automóveis, temos o óleo do motor, da transmissão, o fluido de direção, o fluido de freio, entre outros. Você sabe que, se trocar os tipos, terá problemas. Um trator funciona com a mesma lógica. “Há diferenças na capacidade térmica e na viscosidade entre os tipos de aplicação. Por isso, adotar o lubrificante certo evitará que a máquina falhe quando você mais precisar dela”, alerta o engenheiro.

A John Deere, uma das maiores empresas de máquinas agrícolas do mundo, oferece, por exemplo, o GL-5 Lubrificantes para Engrenagens 85W-140, um produto de alta performance indicado para qualquer máquina que opere em condições severas. “No caso das engrenagens, o lubrificante tem uma temperatura de trabalho diferente do motor, além de sua durabilidade também ser diferente”, destaca o professor Luiz Vicente de Mello Filho, coordenador de engenharia mecânica da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

A lista de produtos da John Deere conta com uma série de lubrificantes desenvolvidos especialmente para seus equipamentos, oferecendo maiores intervalos de troca, menores custos de manutenção e prolongamento da vida útil das máquinas. Com o cuidado certo, evitam-se a inatividade dos equipamentos e outros prejuízos.

“O óleo específico para os sistemas hidráulicos, por exemplo, é um tipo que não existe para carros, mas que tem uma enorme importância para máquinas agrícolas”, completa Fernando Malvezzi, professor de engenharia mecânica da Universidade São Judas Tadeu e do Instituto Mauá. É o caso do Hydrau-Gard 68, da John Deere, desenvolvido para sistemas hidráulicos de tratores, máquinas e implementos agrícolas.

Mas, se você pensa que acabou, os cuidados vão além. A John Deere possui o BREAK-IN™, um óleo próprio para motores reconstruídos, remanufaturados e novos durante o período de amaciamento. “Automóveis e motos têm a recomendação no manual do fabricante de, no período de amaciamento, não rodar nas rotações máximas do motor. Mas não se pode fazer o mesmo com máquinas agrícolas. Daí esse cuidado ser importante”, afirma o professor Mello Filho.

São muitas diferenças, mas, no final, o cuidado ao escolher o lubrificante certo tem um papel fundamental ­– não importa o tamanho do veículo.