Tirando o câncer de pele não-melanoma, os tumores de mama são os mais comuns entre as mulheres de todo o mundo. Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) apontam que, no caso do Brasil, a porcentagem de novos diagnósticos é acima da média mundial: são 29%, frente a 25% no restante do globo. Trata-se de uma das principais causas de morte na população feminina entre 35 e 54 anos.

Por mais que todos os tipos de cânceres sejam doenças sérias, que exigem um tratamento contundente para preservar a saúde do paciente, o câncer de mama tem um agravante que nem sempre é considerado: o fator, autoestima. Além da perda de peso, palidez e queda de cabelo trazida pelos tratamentos tradicionais, normalmente é preciso remover boa parte do tecido mamário. Isso pode afetar seriamente a saúde mental da paciente.

Novos tratamentos aumentam expectativa de sobrevida de pacientes

Entre a década de 50 e o início dos anos 2000, o tratamento do câncer era baseado no tripé cirurgia-radioterapia-quimioterapia. O problema é que as cirurgias costumam ser agressivas ao corpo, e as outras duas alternativas também danificam as células saudáveis. Esses fatores debilitam os pacientes, reduzindo sua qualidade de vida e as chances de sucesso do tratamento.

Em 2009, veio a primeira grande revolução no tratamento da doença: a imunoterapia. Ao contrário da radioterapia e da quimioterapia, ela não ataca os tecidos do corpo, nem sequer os doentes: ela prepara o sistema imunológico para que o próprio organismo lute contra o câncer.

Mais recentemente, novas medicações vêm sendo testadas e aprovadas. Em 2018, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou o uso do palbociclibe em todo o território nacional. Indicado para tumores agressivos e/ou que já tenham se espalhado para outras partes do corpo, ele pode usar junto com outras substâncias, o letrozol, como uma  hormonioterapia, cortando o suprimento de estrógeno do tumor. Porém, é preciso ter em mente que tal estratégia só funciona com tumores que se alimentem deste hormônio.

No ano passado, a Anvisa aprovou outro novo tratamento para câncer de mama avançado ou metastático que prevê a ingestão oral do medicamento Verzenios (abemaciclibe), indicado para o tratamento de pacientes adultos com câncer de mama avançado ou metastático O Verzenios é um inibidor das enzimas CDK4 e CDK6 que atua no bloqueio das enzimas envolvidas no crescimento de células cancerígenas. A eficácia do tratamento autônomo foi comprovada em um estudo com 132 pacientes com câncer de mama HR + para HER2, cujos tumores diminuíram total ou parcialmente após o tratamento.

Outro tratamento recentemente disponibilizado no mercado é o uso do Monaleesa-3 junto com o Ribociclibe. Neste caso, observou-se tanto um aumento da sobrevida (quase dez meses) quanto o adiamento da necessidade de quimioterapia, que pôde ser postergada em até 50 meses.

Vale ressaltar que, pese à criação de tratamentos mais modernos, a cura do câncer ainda é um processo árduo, que pode requerer múltiplas intervenções. Além disso, mesmo que a enfermidade entre em remissão, o paciente precisará ser acompanhado de perto por alguns anos, já que a doença pode voltar após alguns anos.

Independentemente do tratamento, diagnóstico precoce é fundamental

Por mais que os tratamentos contra o câncer esteja cada vez mais avançados, os profissionais da saúde afirmam que o diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso no combate contra a doença. Para que isso aconteça, recomenda-se que mulheres que fazem parte dos principais grupos de risco façam mamografias periodicamente, bem como desenvolvam o autoconhecimento e façam o autoexame em casa. A Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda o exame a partir dos 40 anos.

Em caso de sintomas como mudança na textura do seio, sangramento ou outra secreção saindo dos mamilos e lesões que demoram a sarar, deve-se procurar um médico quanto antes. Assim, é possível começar o tratamento antes que o tumor cresça ou se espalhe para outros tecidos. Todas essas informações costumam ser repassadas em campanhas de conscientização para o controle do câncer de mama.

Mulheres que fazem parte de grupos de risco devem ter atenção redobrada

Especialistas apontam que, por mais que qualquer mulher possa padecer de câncer de mama, algumas devem tomar cuidado redobrado, por terem mais hipóteses de enfrentar a doença. Entre elas, estão as que tiveram casos na família, são portadoras de alterações nos genes BRCA1 e BRCA2 e as que levam um estilo de vida que faz com que o risco da doença cresça (fumantes, sedentárias, pacientes que usam hormônios sintéticos, etc). Neste último caso, vale a pena repensar hábitos e conversar com um profissional de saúde sobre alternativas à contracepção e à reposições hormonais.

Além disso, pesquisadores apontam que alguns hábitos e escolhas podem reduzir consideravelmente o risco da doença. Um bom exemplo disso é a amamentação: estudos apontam que ela ajuda a proteger a mulher do câncer de mama.

Homens também podem ter câncer de mama

O câncer de próstata não é o único que pode acometer os homens. Embora isto seja raro, o câncer de mama também pode atingir o público masculino. Ainda conforme dados do Inca, eles correspondem a 1% dos casos da doença. Quando diagnosticada, ela deve ser tratada com o mesmo cuidado e agilidade dispensado às mulheres; do contrário, pode ser fatal.

A boa notícia é que, independentemente do gênero do paciente, há cada vez mais opções de tratamento. Além de oferecer melhores taxas de sucesso, tais alternativas prolongam a sobrevida até mesmo de casos mais graves, ao mesmo tempo que proporcionam mais qualidade de vida aos pacientes.