Quase um mês após um aluno promover ataque a tiros e ferir dois colegas em uma escola na zona rural de Caraí (MG), o ano letivo da instituição é encerrado nesta sexta-feira (6) em uma confraternização entre os estudantes. E um dos alunos que participa da festa é Marcos Antônio Beirão dos Santos, de 17 anos, que foi baleado no pescoço e passou 15 dias internado em um hospital. 

Desde que teve alta, no dia 22 de novembro, o rapaz seguiu os estudos em casa, recebendo atividades dos professores. Aprovado no 1º ano, ele não faz muitos planos, apenas afirma que pretende viver bem cada momento e deixar para trás o sofrimento que passou. 

“Só tenho a agradecer a Deus e a todos que me ajudaram. Tudo isso não foi fácil, mas agora é vida nova, quero tocar a vida e seguir em frente”, conta o rapaz de forma tímida. 

Marcos Antônio revela que a bala que o atingiu chegou a acertar parte da coluna dele, o que poderia ter sido muito mais grave, mas ele não precisará passar por fisioterapia e apenas precisará usar colar cervical por dois meses. 

Emocionado com o carinho que recebeu dos colegas, ele conta que tem apenas um sonho: ver a obra da casa da família terminada. “O dinheiro que minha mãe tinha ela gastou comigo, mas Deus vai providenciar”, sonha o adolescente. 

Clima tranquilo entre estudantes 

O diretor da Escola Estadual Orlando Tavares, Márcio Anselmo, afirma que os momentos de tristeza foram superados e os estudantes estão mais unidos. “Fizemos uma gincana para estreitar os laços entre os alunos, foram trabalhadas questões de solidariedade, união. O clima está bem melhor do que a gente imaginava. Diante de tudo que aconteceu, achamos por bem tentar levantar o astral e, no geral, os alunos se superaram”, conta Márcio. 

Além da gincana, o emocional dos alunos também foi trabalhado por equipe de quatro psicólogas que realizaram atendimento diário na escola após a retomada das aulas. 

Para concluir as atividades e manter o espírito de união e confraternização entre os alunos, o encerramento do ano letivo contou com apresentações culturais, premiação dos estudantes que se destacaram ao longo do ano e um coquetel. 

“Ano que vem a gente já está preparado, a gente vai riscar isso da nossa história, as férias agora vão ajudar os alunos a terminar de amenizar tudo. Será vida nova, vamos levantar a cabeça e seguir”, concluiu o diretor.