Minas Gerais está ampliando a oferta de turmas em tempo integral e implementando um novo modelo na matriz curricular da última etapa da educação básica como aposta para deixar de lado uma posição nada confortável no ranking da educação nacional.  

A partir do início do ano que vem, estudantes do 1º ano do ensino médio terão uma grade mais flexível, que contempla a base comum e obrigatória, mas também a possibilidade de novos percursos de aprendizado. Poderão escolher aquilo que faz sentido para seu itinerário escolar e de vida, incluindo formação técnica e profissionalizante. Para tanto, a carga horária aumenta e passa para 9 horas. 

Mas as mudanças estão ainda no começo, face à realidade das salas de aula. Vão contemplar apenas 4,4% dos alunos do ensino médio. Ou seja, para a maior parte das matrículas nessa etapa na rede mineira resta o desafio de também ofertar uma estrutura capaz de frear o crescimento das taxas de abandono e tirar o estado do segundo lugar entre as unidades da Federação com o maior percentual de reprovação nos últimos quatro anos. No ensino fundamental, vagas do programa cortadas no início do ano devem ser retomadas também no ano que vem. 

As mudanças, válidas a partir do início do próximo ano letivo, vão contemplar estudantes do 1º ano de algumas turmas, que experimentarão o novo ensino médio. A rede estadual terá cerca de 28 mil alunos dessa etapa escolar na educação integral, em 281 escolas, nas 47 superintendências regionais de ensino (SRE). 

Foram priorizadas escolas com maior vulnerabilidade e municípios sem oferta de educação integral no ensino médio – a lista dos colégios ainda está sendo fechada. De acordo com a Secretaria de Estado de Educação (SEE), pela primeira vez, a oferta de cursos foi determinada pela demanda de empregabilidade regional. Ao todo, são 18 opções de cursos técnicos, entre eles, desenvolvimento de sistemas, que será oferecido em seis municípios estratégicos para suprir a demanda por programadores e desenvolvedores de sistemas. 

Estreia 
É nesse cenário que será implantado, para esses 28 mil alunos, o novo ensino médio, formado pelas quatro áreas do conhecimento (linguagens e códigos, ciências da natureza, ciências humanas e matemática) mais o ensino profissionalizante. “No novo ensino médio, o estudante é protagonista do seu aprendizado”, destacou a secretária de estado de Educação, Júlia Sant'Anna. A formação técnica entra como o quinto itinerário formativo, ao lado dos conteúdos previstos na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). 

No ensino médio integral regular, são levados em conta o projeto de vida do adolescente (identificação de quais seriam seus interesses em relação ao futuro), o protagonismo e o aprofundamento acadêmico. No integral profissional, foi feito o diagnóstico de setores produtivos, empregabilidade e a diversificação de ofertas. 

O ensino profissionalizante também tem seus diferenciais. Os cursos técnicos serão ministrados em 800 horas, no período de 18 meses, em 29 escolas. Os de formação inicial continuada (FIC), relacionados a turismo ou cultura, têm 160 horas em seis meses, e ocorrerão em 113 estabelecimentos de ensino. Ambos podem ser feitos concomitantemente ao ensino médio ou depois dele. 

Atendendo a demanda de municípios, o curso normal terá 6.400 vagas para a formação de profissionais voltados para a educação infantil. Eles serão ministrados em 1,6 mil horas em 18 meses. 

Também não haverá mais turno e contraturno. As escolas vão organizar as disciplinas da base comum e as diferenciadas de acordo com sua realidade. Elas também vão oferecer disciplinas eletivas a alunos do 1º, 2º ou 3º ano. “O cardápio de cursos será discutido por nós com cada escola e ofertado a elas”, explicou Júlia. “Com mais tempo para estudar, o aluno poderá fazer as escolhas dele, inclusive para seu futuro imediato. Serão geradas opções de disciplinas eletivas e no projeto de vida, poderão planejar bem a sua trajetória ao longo dos três anos.”