Uma camada de espuma branca cobria o Rio Araçuaí, no trecho que margeia a estrada da região conhecida como São Miguel, a cerca de 20 quilômetros de Turmalina, na manhã deste sábado (16).  

O lençol de espuma se formava a partir da cidade e atingia toda a largura do rio, estendendo-se por cerca de seis quilômetros. Moradores da região registraram o fenômeno. 

A reportagem tentou ouvir a Copasa, em Turmalina, mas ninguém quis falar sobre o assunto. “Estamos assustados e queremos saber o que ocorreu e se vai prejudicar o abastecimento de água”, disse uma funcionária do hospital São Vicente que pediu para não ser identificada.  

A Polícia Militar informou que até o início da tarde ninguém havia procurado a corporação para registrar a ocorrência. “Não sabemos informar sobre o que provocou o acidente. Estão dizendo que é esgoto. Mas não recebemos nenhum pedido de providências, de nenhuma autoridade local”. 

O prefeito Carlinhos Barbosa Xavier, também não foi localizado. Moradores informaram que a Câmara de Vereadores já havia tomado conhecimento do fato e que vai investigar. Nenhum vereador foi localizado. 

Conforme a ambientalista Malu Ribeiro, da SOS Mata Atlântica, a espuma é resultado dos produtos químicos, especialmente detergentes e sabão em pó, que são despejados junto com o esgoto. O produto emana um gás que é tóxico e causa irritação na garganta. "A espuma é resultado de biodegradáveis que estão na água, mas ela retira do rio outros contaminantes, inclusive bactérias que estão na água e que são dispersados no ar", disse. 

Quando a espuma é carregada pelo vento, também pode causar manchas na pele e na roupa. "Essa espuma faz mal, é importante que as pessoas evitem tocar nela nesse período, porque ao inalar isso a pessoa vai correr o risco de aspirar esses contaminantes. Além do ar seco, o vento ajuda a propagar os gases que saem da espuma." 

Segundo ela, ao respirar próximo do rio, a pessoa está não só sentindo o odor forte e intenso do gás sulfídrico, mas inalando também esses contaminantes. 

O problema da poluição se agrava neste período do ano, em que o rio está com baixa vazão. Com pouca água, os poluentes se concentram. A espuma se forma quando a água é movimentada pelas corredeiras.