Em entrevista coletiva concedida na tarde desta quinta-feira (21) em Ipatinga, o Gaeco afirmou que o vereador Wanderson Gandra (PSC), preso na tarde dessa quarta-feira (20) no prédio da Câmara Municipal, durante um desdobramento da operação Dolos, ameaçava assessores e teria feito uma reunião para manipular o depoimento de testemunhas e investigados. O objetivo era atrapalhar o andamento das ações que apuram esquema de manipulação de salários de funcionários da Câmara e do poder Executivo.

“Segundo às informações trazidas ao Gaeco, era justamente para o ajustamento de como se deveria falar, o que poderia falar e o que não poderia falar durante as oitivas. Não só as ameaças, mas como essa tentativa de manipular o que as pessoas devem dizer”, explicou o delegado de Polícia Civil, Gilmaro Alves.

Ainda segundo o delegado, o encontro ocorreu em um casa onde os convidados não sabiam o endereço. "No domingo a tarde nós recebemos informações dando conta de que os assessores estavam sendo convocados a participar da reunião, em um local que eles não tinham conhecimento, mesmo porque estavam sendo buscados em suas residências, tanto pelo próprio vereador, como também por uma assessora mais direta ao vereador. Nesta oportunidade eles foram levados a uma residência, que não se vincula a nenhum assessor, mas sim, a uma ex-assessora".

Três vereadores da cidade já foram presos: Luiz Márcio Rocha (PTC), Rogério Antônio Bento, o Rogerinho (sem partido) e Wanderson Gandra (PSC). Ao todo, 12 pessoas foram denunciadas na operação, entre vereadores, assessores, contadores, corretores de imóveis e comerciantes.

Foragido da Justiça
Durante a coletiva, os investigadores também afirmaram que o vereador Paulo Reis (PROS) é considerado foragido da Justiça. Um mandado de prisão preventiva foi expedido contra o vereador, que é um dos investigados no esquema. "Desde sexta-feira, quando foi feita a busca e apreensão na Câmara, nós não temos notícia do seu paradeiro. Portanto, trata-se de um foragido”, afirma o promotor e coordenador do Gaeco, Bruno Shiavo.

O coordenador do Gaeco explicou ainda que não há tempo determinado para que os parlamentares permaneçam presos. Além disso, os bens de todos os investigados estão bloqueados pela Justiça. “A prisão temporária ela tem prazo certo. A prisão preventiva não tem. Junto com os pedidos da prisão preventiva, nós solicitamos também o bloqueio de bens dos denunciados, para que futuramente haja a mensuração dos prejuízos causados à administração pública e também o ressarcimento aos cofres públicos”, lembra Bruno Shiavo.

Shiavo ainda confirmou o prosseguimento da operação e não descartou a hipótese de mais parlamentares envolvidos no esquema. “Existe a possibilidade [de mais vereadores envolvidos]. Existem investigações, nós estamos trabalhando para que todos possam ser responsabilizados”.